segunda-feira, 29 de agosto de 2011

15ª Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais

15ª Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais
              Almenara 28 de agosto de 2011


Nós romeiros e romeiras, dos diversos vales de Minas Gerais,encontramo-nos aqui em almenara, no vale do Jequitinhonha para celebrarmos a terra e a água como dádiva de Deus e garantia de vida.
Almenara significa fachos ou faróis, que ilumina e permite enxergar melhor. Nome forte e sugestivo para nós, mulheres e homens comprometidos com a construção do Reino de Deus, que sob a realidade almenarense escutamos os gritos da mãe terra e da irmã água que ecoam por todo recanto do nosso planeta.
Afirmamos que o modelo de desenvolvimento atual violenta a criação e não se traduz em melhorias de vida para o povo,. Ao contrário, aumenta o número dos miseráveis e está na contramão do projeto de vida em abundância que o deus da vida tem para seus filhos e filhas.
A nossa condição de cristão nos faz denunciar que é imoral:
* A concentração da terra fortalece ao coronelismo perpetuando os conflitos agrários;
* A mercantilização da água caminha para a “escassez progressiva” com o represamento
   e poluição dos nossos rios;
* A mineração arranca do seio da mãe terra suas riquezas, deixando para trás os
   enormes passivos socioambientais – as crateras da cobiça;
* As monoculturas e os agrotóxicos sugam a fertilidade da terra e comprometem a agricultura familiar e camponesa;
*As políticas que não estão a serviço da vida, mas propiciam a cultura de exploração e morte, a exemplo das mudanças do código florestal e a morosidade do judiciário que permitem o crescimento dos conflitos no campo e ceifamento de tantas vidas, como os assassinatos ocorridos este ano na Amazônia.
Somos filhos e filhas de Deus criador que nos coloca em permanente missão criadora, provocando-nos a contínua construção de lutas populares em defesa da vida. Afirmamos que “existe um fruto para os justos, porque existe um Deus que faz justiça sobre a terra” (SI58, 12). Assim, as famílias assentadas e acampadas continuarão a luta pela terra e na terra, numa relação agroecológica que diz não ao modelo econômico depredador.
A exemplo da Trindade, devemos  assumir o senhorio do cuidado! Por isso, afirmamos que, o modo de vida das comunidades tradicionais – quilombolas, indígenas, pescadores, vazanteiros, posseiros, e outras – é que garante o cuidado e preservação da criação para as gerações futuras.
Solidarizamo-nos com a luta dos educadores da rede pública de Minas Gerais que há mais de 80 (oitenta) dias denunciam o descaso do governo estadual que não investe o percentual constitucional na educação pública!
Reassumimos o compromisso de novas relações com a mãe Terra e a irmã Água. Aqui, as margens do rio Jequitinhonha, alimentamos a nossa fé na caminhada de romeiros e romeiras da esperança, comprometidos com as grandes causas do Reino, fortalecidos pelos testemunhos de mulheres e homens como: Francisco, Iraguiar, Manoel, Joaquim e Miguel – mártires de Felisburgo que com a vida forjaram a “Terra Prometida” no aqui e agora, sinalizando que as lutas populares “ancora o sonho bonito de uma terra sem males para ver a justiça social acontecer no vale do Jequitinhonha” e demais vales de Minas Gerais.

                                       Amem, axé, awêre, aleluia, shalom!

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